Brasil reivindica ilha submersa rica em metais estratégicos; especialistas alertam para interesses internacionais e riscos ambientais
- davisamaires
- 27 de jul.
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Localizada no Oceano Atlântico, a Elevação do Rio Grande, uma formação submersa próxima à costa do Rio Grande do Sul, está no centro de uma disputa geopolítica e ambiental que coloca o Brasil frente a interesses de potências como os Estados Unidos.
A área, que se estende por cerca de 150 mil km², está sendo reivindicada pelo governo brasileiro como parte da sua plataforma continental estendida. No entanto, o território atrai a atenção internacional por abrigar grandes reservas de terras raras, metais altamente estratégicos utilizados na produção de eletrônicos, baterias, turbinas e armas de alta tecnologia.
A Elevação do Rio Grande não é uma ilha no sentido tradicional — ela se trata de uma cadeia montanhosa submersa, cuja parte mais rasa fica a cerca de 1.200 metros abaixo da superfície. Mesmo assim, o Brasil vem trabalhando desde 2004 junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU para incorporar a região legalmente como território nacional.
Interesses dos EUA e exploração internacional
Segundo especialistas em geopolítica e oceanografia, a região está sendo alvo de crescente interesse por parte dos Estados Unidos e de outras potências. O motivo principal é a presença de nódulos polimetálicos e crostas ricas em cobalto, nióbio e elementos de terras raras — materiais fundamentais para a transição energética global e avanços tecnológicos.
“O que está em jogo é muito mais do que uma área submersa: trata-se de uma reserva estratégica que pode determinar o futuro da soberania tecnológica e energética de países”, afirma o professor João de Deus Medeiros, especialista em políticas ambientais da UFSC.
Brasil se antecipa com estudos e pressiona ONU
A Marinha brasileira, por meio do Programa de Levantamento da Plataforma Continental, já realizou dezenas de expedições científicas na área. Em abril deste ano, o Brasil apresentou à ONU novos dados geológicos que reforçam a conexão natural da Elevação do Rio Grande com o continente sul-americano, o que fortalece seu pleito territorial.
Ainda assim, a decisão da ONU pode demorar anos. Enquanto isso, multinacionais e empresas estrangeiras de mineração pressionam por concessões internacionais de exploração na área — o que, na prática, poderia permitir a extração dos metais sem qualquer controle brasileiro.
Riscos ambientais e soberania em xeque
Além da disputa econômica, ambientalistas alertam para os danos irreversíveis que a mineração submarina pode causar no ecossistema. “Estamos falando de regiões profundas, pouco estudadas, com biodiversidade única e extremamente sensível. A mineração pode causar impactos que levariam séculos para serem revertidos — ou jamais seriam”, diz a bióloga marinha Letícia Carvalho, consultora de políticas do oceano.
Segundo ela, o Brasil precisa adotar uma postura firme tanto para garantir sua soberania quanto para impor limites à exploração predatória dos recursos naturais da Elevação do Rio Grande.
Conclusão: recurso estratégico e debate urgente
A disputa por essa área submersa coloca o Brasil diante de um dilema urgente: como proteger seus interesses estratégicos diante da cobiça internacional, ao mesmo tempo em que se preserva o meio ambiente? Com reservas de alto valor econômico e científico, a Elevação do Rio Grande se torna um dos pontos mais sensíveis da política marítima brasileira neste século.
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