Brasil busca barrar sobretaxas sem ceder à pressão de Trump, dizem especialistas
- davisamaires
- 28 de jul.
- 2 min de leitura
Especialistas em relações internacionais e comércio exterior afirmam que o Brasil precisa agir com firmeza diante da decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar sobretaxas de 50% sobre importações de países que, segundo ele, “não mantêm boas relações” com os EUA. A medida, anunciada por Trump durante um evento de campanha, acendeu o alerta entre aliados e parceiros comerciais, incluindo o Brasil, que busca alternativas para proteger sua economia sem ceder a pressões políticas.
Trump, que tenta retornar à presidência nas eleições de novembro, voltou a adotar uma retórica agressiva em relação ao comércio internacional. O republicano afirmou que as tarifas são uma forma de "defender os interesses norte-americanos" e que países que "não ajudam os Estados Unidos não devem se beneficiar de seu mercado".
Apesar de não citar diretamente o Brasil, especialistas apontam que a fala pode afetar nações latino-americanas, principalmente aquelas que têm buscado diversificar suas parcerias comerciais com países como a China e a Rússia.
Resposta brasileira: cautela e articulação diplomática
O governo brasileiro, segundo fontes do Itamaraty, avalia estratégias diplomáticas para lidar com a possível mudança no cenário comercial caso Trump retorne ao poder. A ideia é manter canais abertos com os Estados Unidos, mas sem aceitar imposições que prejudiquem a indústria nacional.
“O Brasil precisa mostrar firmeza, mas também habilidade diplomática. Não pode aceitar chantagens, nem correr o risco de se isolar”, afirma a professora de Relações Internacionais Fernanda Magnotta.
Uma das alternativas em estudo seria acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) caso as sobretaxas sejam efetivamente aplicadas. Além disso, o governo busca fortalecer parcerias comerciais com países europeus e asiáticos para reduzir a dependência do mercado norte-americano.
Especialistas alertam para riscos ao agronegócio
Entre os setores mais vulneráveis às decisões de Trump está o agronegócio, especialmente os exportadores de soja, milho e carne. Os Estados Unidos são concorrentes diretos do Brasil nesses mercados, e uma barreira tarifária poderia afetar a competitividade dos produtos brasileiros.
“Um aumento de tarifas pode provocar perdas bilionárias ao agronegócio. É essencial que o Brasil se antecipe e busque garantir novos mercados”, alerta o economista André Perfeito.
Por outro lado, há quem defenda que o país aproveite esse momento para investir em industrialização e agregar valor aos seus produtos, reduzindo a dependência da exportação de commodities.
Cenário eleitoral nos EUA influencia decisões
A postura de Trump também é vista como um movimento eleitoral. Analistas afirmam que o ex-presidente tenta conquistar eleitores com promessas de protecionismo e nacionalismo econômico, repetindo a estratégia usada em sua campanha de 2016.
Enquanto isso, a Casa Branca ainda não se manifestou oficialmente sobre a proposta de sobretaxas. O atual presidente, Joe Biden, tenta evitar o embate direto, buscando manter a estabilidade nas relações comerciais internacionais.
A tensão deve crescer nos próximos meses, à medida que a eleição presidencial norte-americana se aproxima. O Brasil, segundo especialistas, precisa manter uma postura vigilante e estratégica para não ser pego de surpresa.
Comentários